Poesia e música enamoram-se de longa data, unindo seus laços artísticos ao longo da história, mas confesso que jamais poderia imaginar essa conexão com outro ramo adverso, justamente o que se pode notar no trabalho de três mestres da engenharia: o pianista, Nando Michelin e o baixista, Ebinho Cardoso. O terceiro elemento, pedra fundamental deste trabalho extraordinário, lançado em 2018, não se torna visível na capa do álbum, trata-se do poeta engenheiro, João Cabral de Melo N

Os versos de "Todo o sentimento" transpassam a esfera melódica de Cristóvão Bastos, quase que fazendo o violão falar, desnudando Chico e os ouvintes que ganham de presente esse belo trabalho do guitarrista e violonista Conrado Paulino, em seu mais recente trabalho: "A canção brasileira" (2018). Em audições exaustivas e prazerosas, debruçado sobre a obra do artista, surgiram duas perguntas que me fustigam o espírito e, por isso, as revelo aqui: como pode um coração argentino

Você atravessaria, tranquilamente, uma pinguela? É lógico que não colocaria sua vida em risco, caso não sentisse segurança em percorrê-la. Mas se a base fosse de concreto, firme como uma rocha? Então convido-lhes a conhecerem a “Ponte”, de Braulio Araujo, nome que intitula o trabalho autoral, gravado em 2012, desse virtuose do contrabaixo. O trajeto inicia-se com o entusiasmo de quem já consegue vislumbrar o cenário deslumbrante que se pode encontrar do outro lado e não há he

O título "A casa nova", na primeira impressão, ao ver a capa desse disco, lembrei-me do poema "A mulher e a casa”, do genial João Cabral de Melo Neto. Em um dos trechos o escritor menciona: "uma casa não é nunca só para ser contemplada; melhor: somente por dentro é possível contemplá-la". É exatamente essa curiosidade que me instigou a vontade de conferir de perto o álbum, lançado em 2015, do exímio guitarrista, Cláudio César Ribeiro, que já o conhecia por ouvi-lo tocar com I

Ler estampado na capa de um disco os nomes: Marco Brito (teclados), Nema Antunes (baixo), Leo Amuedo (guitarra), Marcelo Martins (saxofone) e Teo Lima (bateria) é passe livre para uma audição mais que obrigatória e necessária, ainda mais quando os temas são todos da lavra do exímio compositor, Ivan Lins. Essa é a formação da Banda Guanabara, registrando essa belíssima atuação no disco lançado em 2011. Os nomes são todos familiares, já prestaram suas habilidades artísticas a d

Discos de bateristas não estão entre minhas preferências, eles geralmente são recheados de grandes improvisações, mas só as baquetas dão o ar de sua graça, o restante dos músicos fica na retaguarda, apagados pelo esmerilar rítmico incessante que se estende até a última faixa, mas esse não é o caso de “Recomeço”, obra lançada em 2016, do brasileiro Di Stéffano, uma singular exceção que merece destaque. Ao longo de 11 faixas autorais, entrecortadas de samba, salsa,

Diogo Monzo – Filho do Brasil (2018) Ler estampado na capa de um álbum o subtítulo: “Piano Solo” pode atrair e afugentar, depende do ouvinte, aos que se aproximam no intuito de encontrarem dedos que tragam uma sonoridade simples e apenas pautada na melodia, vez que o instrumento pode remeter a tal pensamento equivocado, encontram é um trabalho extremamente amadurecido, técnico e profundo em sua execução, trilhando com maestria entre a esfera jazzística e o erudito; por sua ve

GERALDO HENRIQUE BULHÕES – QUASAR (2013) Cada álbum carrega uma história por trás: as loucuras para se conseguir uma relíquia, o impacto causado pela sonoridade, o encarte entrecortado de músicos excepcionais, saboreado como quitute divino, enfim, inúmeros foram os exemplares que auxiliaram nesses momentos de prazer ao degustá-los. Para exemplificar melhor, cito o “Quasar”, disco de 2013, do guitarrista brasileiro Geraldo Henrique Bulhões. A obra foi descoberta de forma aleat

"ESSE EU FAÇO QUESTÃO DE MOSTRAR" É com esse bordão que iniciamos um novo tempo no BLOG DO IMPROVISO BRASIL. A partir de agora teremos a colaboração do pesquisador e colecionador Beto Lacerda, idealizador e instagramer do novo canal COLA NO SOM (@colanosom). Beto é professor de redação e literatura dedicado, um advogado apaixonado por música instrumental nacional/internacional e também pela música popular brasileira de alto nível. Foi graças a Deus e ao poder da internet que